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O Eixo Colômbia-Brasil na Inovação com Bambu: Análise de Sinergias e Oportunidades em Polímeros e Compósitos de Guadua

Executive Summary

This report provides an exhaustive analysis of the bamboo sector in Colombia, focusing on the strategic potential of Guadua angustifolia Kunth, and investigates the documented and potential synergies with Brazilian technological capabilities, particularly in the domain of polymers, resins, and adhesives for composite materials. The central finding of this analysis is the identification of a significant, yet largely untapped, opportunity for bilateral cooperation that could propel both nations to the forefront of the global bio-materials market.

Colombia stands as a world leader in the cultivation, structural application, and regulatory validation of Guadua angustifolia. The nation possesses a sophisticated and interconnected ecosystem of research institutions, such as the Universidad Tecnológica de Pereira (UTP) and the Universidad de los Andes, and influential organisations like the Sociedad Colombiana del Bambú (SCB). This ecosystem is fortified by the expertise of globally recognised figures in botany, architecture, and engineering. A pivotal achievement has been the inclusion of guadua in the national seismic-resistant building code (NSR-10), which provides a robust legal and technical foundation for its use in construction. Colombian research has excelled in demonstrating the material's superior seismic performance, its cultural significance within the UNESCO-recognised Coffee Cultural Landscape, and its outstanding environmental credentials, as confirmed by multiple Life Cycle Assessment (LCA) studies that show a significantly lower carbon footprint compared to conventional materials like concrete and brick.

Conversely, Brazil has cultivated a distinct and advanced research landscape focused on the downstream, value-added processing of bamboo. Brazilian academic and industrial research has made significant strides in developing and commercialising polymer matrices for bio-composites, most notably polyurethane (PU) resins derived from castor oil, and a wide array of high-performance adhesives for manufacturing glued laminated bamboo (GLB). This has created a market-ready technological base for producing engineered bamboo products with predictable and enhanced properties.

Despite these complementary strengths, documented cooperation between the two nations has been predominantly unidirectional. Technical missions, such as that undertaken by Brazil's Embrapa, have focused on learning from Colombia's expertise in silviculture and primary processing. This report identifies a critical "technology gap": a lack of structured collaboration to transfer Brazil's advanced polymer and adhesive technology to Colombia's world-class guadua supply chain.

This gap represents a strategic opportunity. A targeted bilateral partnership could integrate Colombia's superior raw material with Brazil's processing technology to create a complete, sustainable, and globally competitive value chain for advanced bio-composites. This report concludes by proposing a strategic roadmap for such a collaboration, encompassing joint R&D programmes, the development of new technical standards for engineered guadua products, technology transfer initiatives, and the creation of a joint marketing strategy. By bridging this technology gap, Colombia and Brazil can unlock the full economic and environmental potential of guadua, establishing a new global benchmark for high-performance, sustainable materials.


Introdução: A Guadua como Ativo Estratégico Colombiano

A Guadua angustifolia Kunth, uma espécie de bambu nativa da América do Sul, representa um dos ativos biológicos mais estratégicos da Colômbia. Em um cenário global cada vez mais voltado para a sustentabilidade, a bioeconomia e a busca por materiais de construção de baixo impacto carbônico, a guadua emerge não apenas como um recurso renovável, mas como uma plataforma para inovação tecnológica e desenvolvimento socioeconômico. A Colômbia, detentora da segunda maior diversidade de bambus nas Américas, superada apenas pelo Brasil, possui um ecossistema único de conhecimento acumulado, práticas culturais e arcabouço regulatório que a posiciona como uma liderança mundial no uso desta gramínea gigante (Londoño, 2011).

Este relatório tem como objetivo central realizar uma análise exaustiva do ecossistema colombiano da guadua, mapeando seus principais atores, centros de pesquisa, avanços tecnológicos e o arcabouço normativo que sustenta seu uso. De forma crucial, a análise se aprofunda na investigação de conexões documentadas e sinergias potenciais com entidades brasileiras, com um foco específico e delimitado no campo de polímeros, resinas e adesivos — tecnologias essenciais para a transformação da guadua de matéria-prima em produtos de engenharia de alto valor agregado.

A importância da guadua transcende o seu potencial técnico. Ela está intrinsecamente ligada à identidade cultural colombiana, sendo um elemento definidor da arquitetura e da paisagem do "Paisaje Cultural Cafetero" (PCC), reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO (UNESCO, 2011; Muñoz Robledo, 2023). Essa dupla valência, cultural e tecnológica, confere à guadua uma vantagem competitiva única.

Ao examinar as capacidades colombianas em cultivo, manejo e engenharia estrutural em paralelo com as competências brasileiras em ciência de polímeros e desenvolvimento de compósitos, este estudo busca identificar não apenas as colaborações existentes, mas, sobretudo, as lacunas e as oportunidades latentes. A hipótese central é que a combinação da excelência colombiana na matéria-prima com a vanguarda brasileira na tecnologia de processamento downstream pode destravar um potencial sinérgico imenso, capaz de criar uma cadeia de valor bioeconômica robusta e de impacto global. Assim, este documento visa fornecer um roteiro estratégico para uma futura colaboração, fundamentado em uma análise detalhada das competências e potencialidades de ambos os países.


1. O Ecossistema da Guadua na Colômbia: Atores, Pesquisa e Regulamentação

A Colômbia consolidou, ao longo de décadas, um ecossistema robusto e multifacetado em torno da Guadua angustifolia. Este ecossistema não se limita ao cultivo, mas abrange pesquisa científica de ponta, desenvolvimento de aplicações de engenharia, articulação institucional e um arcabouço normativo pioneiro. A compreensão desta estrutura é fundamental para avaliar a maturidade do setor e seu potencial para saltos tecnológicos futuros, como a incorporação de polímeros avançados em sua cadeia produtiva.

1.1. Centros de Excelência Acadêmica e de Pesquisa

A base de conhecimento sobre a guadua na Colômbia é sustentada por uma rede de instituições acadêmicas e de pesquisa que, embora com especializações distintas, demonstram um notável grau de colaboração. Esta rede forma a infraestrutura intelectual sobre a qual a inovação no setor é construída. A existência de um fluxo de conhecimento e de pessoal entre as instituições, como visitas de estudantes e promoção conjunta de projetos, indica um ambiente colaborativo que constitui um ativo estratégico nacional, permitindo que desafios complexos e multidisciplinares sejam abordados de forma coordenada (UNIVERSIDAD TECNOLÓGICA DE PEREIRA, 2025; LONDOÑO, 2011).

A Universidad Tecnológica de Pereira (UTP) se destaca como um epicentro de inovação aplicada. Reconhecida como um referente nacional, suas linhas de pesquisa são pragmáticas e orientadas para a industrialização e o aproveitamento sustentável da guadua (UNIVERSIDAD TECNOLÓGICA DE PEREIRA, 2025). A UTP investiga desde a fabricação de papel à base de polpa de guadua em seus laboratórios de química até o desenvolvimento de biocompósitos com polímeros naturais, demonstrando uma clara inclinação para a ciência dos materiais (UNIVERSIDAD TECNOLÓGICA DE PEREIRA, 2025; UNIVERSIDAD TECNOLÓGICA DE PEREIRA, s.d.). Além disso, a universidade é um campo de provas para a aplicação arquitetônica, com protótipos como a "Guadua Tiny House" (uma casa móvel) e a "Casa Campesina", que recria a arquitetura tradicional de bahareque, além de abrigar o icônico "Guaducto", uma estrutura projetada pelo especialista alemão Jörg Stamm (UNIVERSIDAD TECNOLÓGICA DE PEREIRA, 2025). A UTP também é um polo de pesquisa em métodos de preservação da guadua, avaliando tecnologias como imersão e injeção com sais de bórax e o método Boucherie, essenciais para garantir a durabilidade do material em aplicações industriais (AMA, s.d.).

A Universidad de los Andes, em Bogotá, complementa o trabalho da UTP com um foco rigoroso em engenharia estrutural e sísmica. A instituição conduziu estudos experimentais pioneiros e de grande impacto sobre o comportamento sísmico de estruturas de guadua (UNIVERSIDAD DE LOS ANDES, 2020). Utilizando ensaios de mesa vibratória em módulos de habitação de escala real, os pesquisadores da UniAndes validaram cientificamente a resiliência do sistema construtivo tradicional conhecido como "bahareque", demonstrando que, sob cargas sísmicas severas, os danos se restringem a acabamentos, sem comprometer a integridade estrutural (UNIVERSIDAD DE LOS ANDES, 2020). Esta pesquisa foi fundamental para desmistificar a guadua como material frágil e fornecer a base empírica para sua normatização. A universidade também explora o potencial de produtos de engenharia, como o bambu laminado colado (glulam) (CORREAL, 2008).

O Centro Nacional para el Estudio del Bambú – Guadua (CNEBG), operado pela Corporación Autónoma Regional del Quindío (CRQ), funciona como um laboratório vivo e centro de conservação (CORPORACIÓN AUTÓNOMA REGIONAL DEL QUINDÍO, s.d.). Diferente de um parque temático, o CNEBG é um centro de estudo e investigação focado em silvicultura, propagação, controle de pragas e estudo de espécies (TENECHE, s.d.). Com uma área de sete hectares, o centro oferece visitas técnicas guiadas e capacitações para profissionais, estudantes e agricultores, além de manter coleções vivas de bambus americanos e asiáticos, servindo como um banco genético e um polo de difusão de conhecimento prático sobre o manejo do recurso (CORPORACIÓN AUTÓNOMA REGIONAL DEL QUINDÍO, s.d.; RUTAS DEL PAISAJE CULTURAL CAFETERO, s.d.).

Outras universidades, como a Universidad Nacional de Colombia, a Universidad del Valle e a Universidad del Quindío, também são participantes ativas nesta rede, contribuindo com pesquisas em arquitetura, sistemas construtivos patrimoniais, botânica e projetos de desenvolvimento rural, criando uma massa crítica de conhecimento distribuída por todo o país (LONDOÑO, 2011; UNIVERSIDAD DEL QUINDÍO, 2024; UNIVERSIDAD PILOTO DE COLOMBIA, s.d.).

Tabela 1: Mapeamento das Principais Instituições Colombianas na Pesquisa com Guadua

Instituição Foco Principal da Pesquisa Projetos/Especialistas Notáveis
Universidad Tecnológica de Pereira (UTP) Biocompósitos e polímeros naturais, polpa e papel, protótipos construtivos, métodos de preservação. Guadua Tiny House, Guaducto (Jörg Stamm), pesquisa em polpa e papel, estudos de preservação.
Universidad de los Andes Engenharia sísmica, ensaios em mesa vibratória, sistema bahareque, bambu laminado colado (glulam). Ensaios em escala real de estruturas de bahareque, validação do comportamento dinâmico.
Centro Nacional para el Estudio del Bambú (CNEBG) Silvicultura, propagação, fitossanidade, conservação de espécies, educação ambiental. Operado pela CRQ, coleção viva de espécies de bambu, capacitação técnica especializada.
Universidad Nacional de Colombia Arquitetura, sistemas construtivos patrimoniais, botânica, caracterização de materiais. Tipificação de sistemas de bahareque, estudos de caracterização genética de Guadua.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em (UNIVERSIDAD TECNOLÓGICA DE PEREIRA, 2025; UNIVERSIDAD DE LOS ANDES, 2020; CORPORACIÓN AUTÓNOMA REGIONAL DEL QUINDÍO, s.d.; MUÑOZ, 2010).

1.2. Lideranças e Organizações-Chave

O dinamismo do setor da guadua na Colômbia é impulsionado não apenas por instituições, mas também por organizações estratégicas e personalidades de renome internacional que atuam como catalisadores de inovação, normatização e promoção.

A Sociedad Colombiana del Bambú (SCB), fundada em 1988, é a principal organização da sociedade civil do setor (SOCIEDAD COLOMBIANA DEL BAMBÚ, s.d.). Sua missão é criar um espaço de diálogo para intercambiar informações, fortalecer a pesquisa, transferir tecnologia e promover toda a cadeia de valor da guadua (SOCIEDAD COLOMBIANA DEL BAMBÚ, s.d.). Entre suas conquistas mais notáveis está a liderança na redação do Capítulo G.12 "Estruturas de Guadua" para o regulamento sismorresistente NSR-10, um marco que conferiu legitimidade técnica e legal ao material. A SCB também preside o comitê técnico de normalização da guadua no ICONTEC (o órgão de normas técnicas colombiano) e já capacitou mais de 2.500 pessoas nacional e internacionalmente (SOCIEDAD COLOMBIANA DEL BAMBÚ, s.d.). Sua junta diretiva é composta por figuras proeminentes como a botânica Ximena Londoño (Presidente) e o arquiteto Simón Vélez (Vice-Presidente), o que evidencia a sinergia entre ciência e aplicação prática no coração da organização.

A Organização Internacional do Bambu e do Ratã (INBAR), como organismo intergovernamental, desempenha um papel crucial na conexão da Colômbia com o cenário global. A INBAR facilita a cooperação internacional, como a cooperação Sul-Sul com China e Índia, e executa projetos de grande escala como o "Bambuzonía", uma iniciativa conjunta entre Colômbia, Equador e Peru financiada pelo FIDA para aumentar a resiliência climática de pequenos agricultores através de sistemas de produção de bambu (INBAR, s.d.). A organização também atua na estruturação de projetos de transferência de tecnologia, como a exportação do conhecimento colombiano em construção com guadua para países africanos, como o Quênia (EMBAJADA DE COLOMBIA EN CHINA, 2022). A presença da INBAR tanto na Colômbia quanto no Brasil a posiciona como uma mediadora natural para futuras cooperações bilaterais (INBAR, 2024; INBAR, 2021).

As figuras de destaque são fundamentais para a projeção internacional do setor:

  • Ximena Londoño: Engenheira agrônoma e botânica, é uma das maiores autoridades mundiais em taxonomia de bambus neotropicais, com inúmeras publicações e a descrição de novas espécies (LONDOÑO, s.d.; LONDOÑO, 2024). Como presidente da SCB e pesquisadora associada da Universidad Nacional, ela representa a base científica sólida sobre a qual o setor se apoia (SOCIEDAD COLOMBIANA DEL BAMBÚ, s.d.; WORLD BAMBOO ORGANIZATION, s.d.). Sua propriedade, "El Paraíso del Bambú y la Guadua", que abriga a maior coleção privada de bambus da Colômbia, é um centro vital para pesquisa, educação e agroturismo, difundindo o conhecimento sobre a importância ecológica, social e cultural da planta (LONDOÑO, 2014).

  • Simón Vélez: Arquiteto de renome mundial, Vélez revolucionou a percepção da guadua, elevando-a de "madeira de pobre" a um material de vanguarda para a alta arquitetura (VÉLEZ, 2022). Sua inovação mais célebre consiste em preencher os nós ocos da guadua com argamassa de cimento, criando juntas estruturais que permitem a construção de estruturas de grande porte e vãos livres, tratando a guadua como um "aço vegetal" (VÉLEZ, 2022). Obras como o pavilhão ZERI para a Expo 2000 em Hannover e a restauração da Catedral de Pereira deram à guadua uma visibilidade e um prestígio sem precedentes, inspirando uma nova geração de arquitetos e engenheiros (VÉLEZ, s.d.). Sua filosofia de uma "arquitetura mais vegetariana e menos mineral" encapsula o espírito do movimento de construção sustentável (VÉLEZ, 2022).

  • Jörg Stamm: Mestre carpinteiro alemão radicado na Colômbia, Stamm é um especialista em engenharia de estruturas de bambu, especialmente pontes (STAMM, s.d.). Ele combina a precisão da engenharia europeia com as técnicas e materiais locais, resultando em obras de grande eficiência estrutural e beleza formal. Seus projetos, como as pontes de até 52 metros de vão e o "Guaducto" na UTP, demonstram a viabilidade da guadua para infraestruturas complexas e de uso público, aplicando princípios de treliças e arcos para otimizar a resistência do material (STAMM, s.d.; UNIVERSIDAD TECNOLÓGICA DE PEREIRA, 2025).

1.3. A Estrutura Normativa: O Papel do Regulamento NSR-10 (Título G.12) na Validação da Guadua

Um dos pilares mais importantes para a consolidação da guadua como material de construção sério e confiável na Colômbia é seu reconhecimento dentro do arcabouço legal e técnico do país. O Reglamento Colombiano de Construcción Sismo Resistente NSR-10, gerenciado pela Asociación Colombiana de Ingeniería Sísmica (AIS), é a norma mandatória para o projeto e construção de edificações em todo o território nacional (ASOCIACIÓN COLOMBIANA DE INGENIERÍA SÍSMICA, s.d.).

Dentro deste regulamento, o Título G é dedicado a "Estruturas de Madeira e Estruturas de Guadua" (CÁMARA COLOMBIANA DE LA CONSTRUCCIÓN, 2010). A inclusão da guadua neste título representa um passo fundamental. No entanto, o avanço mais significativo foi a criação do Capítulo G.12, "Estruturas de Guadua", uma seção inteiramente nova e dedicada, que estabelece os requisitos específicos para o projeto estrutural e sismorresistente de estruturas cujo elemento principal é o bambu da espécie Guadua angustifolia Kunth (MINISTERIO DE AMBIENTE, VIVIENDA Y DESARROLLO TERRITORIAL, 2010; UPTC, s.d.).

A existência do Capítulo G.12 é um divisor de águas. Ele transforma a guadua de um material "alternativo" ou "tradicional" em um material de engenharia formalmente reconhecido, com parâmetros de projeto, tensões admissíveis e fatores de segurança definidos. Isso confere aos engenheiros e arquitetos a segurança jurídica e técnica para especificar e utilizar a guadua em projetos formais, garantindo um nível de segurança comparável ao de outros materiais como o aço e o concreto (MINISTERIO DE AMBIENTE, VIVIENDA Y DESARROLLO TERRITORIAL, 2010). Esta normatização foi um esforço liderado pela Sociedad Colombiana del Bambú (SCB) e baseado em anos de pesquisa, como os ensaios sísmicos realizados na Universidad de los Andes (SOCIEDAD COLOMBIANA DEL BAMBÚ, s.d.).

Apesar deste avanço monumental, a análise do escopo da norma revela uma importante nuance que se conecta diretamente com o tema central deste relatório. O Capítulo G.12, em sua forma atual, foca primariamente na guadua em seu estado natural (colmo roliço) e em sistemas construtivos que a utilizam desta forma, como o bahareque (UNIVERSIDAD DE LOS ANDES, 2020). A norma ainda não abrange, de forma explícita e detalhada, os produtos de engenharia de guadua, como painéis laminados colados (glulam), painéis de partículas (OSB de guadua) ou, crucialmente, compósitos com matrizes poliméricas.

Esta observação é fundamental. Enquanto a norma atual catalisa a indústria da construção com guadua em sua forma primária, ela simultaneamente representa um gargalo regulatório para a inovação em produtos de maior valor agregado. A falta de padrões técnicos e especificações para compósitos de guadua-polímero, por exemplo, é uma barreira significativa para sua adoção em larga escala, pois os engenheiros não dispõem de parâmetros de projeto normalizados para esses novos materiais (VAN DER LUGT et al., 2022; YUAN et al., 2019). Portanto, a próxima evolução do arcabouço normativo colombiano dependerá da geração de dados técnicos sobre esses produtos industrializados, um campo onde a tecnologia de polímeros e adesivos, como a desenvolvida no Brasil, é indispensável. A regulação, portanto, atua tanto como um catalisador para o mercado existente quanto como um desafio a ser superado para o mercado futuro de alto valor.


2. Avanços Tecnológicos e Aplicações da Guadua angustifolia na Colômbia

A Colômbia não apenas domina o conhecimento botânico e silvicultural da guadua, mas também se destaca por uma notável capacidade de inovação tecnológica, que vai desde a otimização de sistemas construtivos ancestrais até a exploração de novas fronteiras na ciência dos materiais. Esta capacidade de transformar conhecimento tradicional e científico em aplicações práticas é a base sobre a qual uma indústria mais sofisticada, potencialmente em parceria com o Brasil, pode ser edificada.

2.1. Inovação em Engenharia Estrutural: Do Bahareque Sismorresistente às Estruturas de Grande Vão

A engenharia estrutural com guadua na Colômbia representa uma fusão exemplar entre tradição e modernidade. O sistema construtivo bahareque, tradicionalmente uma estrutura de guadua entrelaçada e preenchida com barro, foi historicamente associado à pobreza e a construções temporárias (ROBLEDO, 1993). No entanto, a pesquisa científica rigorosa redefiniu completamente essa percepção. Estudos conduzidos na Universidad de los Andes, utilizando ensaios dinâmicos em mesas vibratórias, provaram que o sistema de bahareque, quando devidamente projetado, possui um desempenho sísmico superior a muitos sistemas de alvenaria convencionais (UNIVERSIDAD DE LOS ANDES, 2020). Essa validação técnica, somada ao seu papel central na arquitetura do Paisaje Cultural Cafetero reconhecido pela UNESCO, elevou o bahareque a um status de sistema construtivo patrimonial, resiliente e sustentável (MUÑOZ ROBLEDO, 2023; PAISAJE CULTURAL CAFETERO, s.d.).

Paralelamente à revitalização de técnicas tradicionais, arquitetos e engenheiros colombianos têm expandido os limites do que é possível construir com guadua. O trabalho de Simón Vélez é emblemático dessa vanguarda. Sua técnica de injetar argamassa de cimento nos internós ocos da guadua para criar juntas de alta resistência à tração e compressão foi revolucionária. Essa inovação permitiu-lhe projetar e construir estruturas de grande escala e com vãos impressionantes, como o pavilhão ZERI na Expo 2000 de Hannover e a reconstrução da cúpula da Catedral de Pereira, demonstrando que a guadua pode, de fato, funcionar como um "aço vegetal" e competir com materiais convencionais em projetos de alta complexidade arquitetônica (VÉLEZ, 2022; VÉLEZ, s.d.).

Na mesma linha, o trabalho de Jörg Stamm em pontes de guadua exemplifica a aplicação de princípios de engenharia avançada a um material natural. Suas pontes, que alcançam vãos de até 52 metros, utilizam sistemas de treliças e arcos compostos por múltiplos colmos de guadua, otimizando a distribuição de cargas e maximizando a relação resistência-peso do material (STAMM, s.d.). Essas estruturas não são apenas funcionais, servindo como infraestrutura vital em áreas rurais, mas também são esteticamente notáveis, provando o potencial da guadua para obras públicas de grande visibilidade e impacto (STAMM, s.d.; LÓPEZ; RÍOS, 2016). A inovação colombiana, portanto, reside na capacidade de aliar o conhecimento empírico profundo do material com a aplicação rigorosa de princípios de engenharia moderna.

2.2. Fronteiras da Ciência dos Materiais: Da Celulose aos Biocompósitos

Além de seu uso estrutural, a Colômbia tem explorado ativamente o potencial da guadua como matéria-prima para diversas aplicações industriais, abrindo novas frentes na ciência dos materiais. A Universidad Tecnológica de Pereira (UTP) é um polo central nesta área, com pesquisas focadas na produção de polpa de celulose para a fabricação de papel, uma alternativa sustentável à polpa de madeira (UNIVERSIDAD TECNOLÓGICA DE PEREIRA, 2025; UNIVERSIDAD TECNOLÓGICA DE PEREIRA, s.d.).

O campo dos biocompósitos também é uma área de pesquisa emergente. A mesma UTP lidera projetos que investigam o desenvolvimento de compósitos utilizando guadua e polímeros naturais (UNIVERSIDAD TECNOLÓGICA DE PEREIRA, 2025). Pesquisas independentes no país já demonstraram a viabilidade técnica de painéis de partículas de Guadua angustifolia aglomeradas com resina de urea-formaldeído. Esses estudos concluíram que os compósitos de guadua apresentam desempenho mecânico superior, com maior resistência à flexão (até 23% maior) e à tração (até 57% maior) em comparação com painéis comerciais de partículas de madeira (Pino radiata), além de menor absorção de água e inchamento (VALLEJO, GANDICA & SUAREZ, 2021). Este resultado é significativo, pois indica que a fibra de guadua, por sua porosidade, permite uma melhor penetração e aderência da resina, resultando em um material compósito de maior performance (VALLEJO, GANDICA & SUAREZ, 2021).

A versatilidade da guadua se estende a uma vasta gama de outros produtos. É uma matéria-prima fundamental para o artesanato local, especialmente na região do Eje Cafetero, onde se produzem desde objetos decorativos e cestaria até móveis (ARTESANÍAS DE COLOMBIA, s.d.; BIOETICA DEL TRABAJO, s.d.). Uma técnica particularmente interessante é o "enchapado" com a folha caulinar da guadua (a bráctea que recobre o colmo jovem), utilizada para criar superfícies decorativas com texturas e cores únicas (MARTÍNEZ, 2018). A guadua também é utilizada na fabricação de instrumentos musicais, como flautas e "palos de lluvia" (GUADUA BAMBOO, s.d.; MERCADO LIBRE, s.d.), e como fonte para a produção de carvão ativado, um produto de alto valor agregado com aplicações em filtragem e purificação (GUADUA BAMBOO, 2021).

2.3. Análise de Sustentabilidade e Bioeconomia: O Ciclo de Vida da Guadua em Perspectiva

O perfil de sustentabilidade da guadua é um de seus maiores trunfos, validado por análises quantitativas rigorosas que a posicionam como um material exemplar para a bioeconomia.

Em termos de sequestro de carbono, a guadua é extremamente eficiente. Devido ao seu rápido crescimento, os guadualis (florestas de guadua) atuam como importantes sumidouros de carbono. Estudos na Colômbia estimam que um hectare de guadual pode armazenar em média 126 toneladas de carbono (tC), sendo 85% na biomassa aérea e 15% na biomassa subterrânea (CAMARGO et al., 2010). Outras pesquisas apontam para um estoque de 148.8 tC/ha na biomassa total e um impressionante total de 672.3 tC/ha quando se inclui o carbono armazenado no solo até 45 cm de profundidade (ARANGO-ARANGO et al., 2021). Um estudo de caso no Peru, com a mesma espécie, estimou um sequestro de 102.75 toneladas de CO₂ por hectare (OBLITAS, 2022). Este alto potencial de captura de CO₂ faz da guadua uma ferramenta estratégica para a mitigação das mudanças climáticas.

A Análise de Ciclo de Vida (ACV), uma metodologia que avalia o impacto ambiental de um produto "do berço ao túmulo", confirma as vantagens da guadua em comparação com materiais de construção convencionais. Um estudo comparativo realizado na Colômbia entre uma casa de bahareque moderno e uma casa convencional de tijolo de argila revelou que a casa de guadua possui uma pegada de carbono de apenas 107.17 kg CO₂-eq/m², enquanto a de tijolo chega a 298.44 kg CO₂-eq/m². Isso representa uma redução de mais de 60% nas emissões de gases de efeito estufa (ARCHILA et al., 2023). Outra ACV, comparando uma estrutura de guadua com uma de concreto, concluiu que a estrutura de guadua gera apenas 49% do potencial de aquecimento global (GWP) da estrutura de concreto (VILLEGAS, 2014).

De forma ainda mais notável, a industrialização da guadua pode levar a um balanço de carbono negativo. Uma análise da produção de painéis de bambu na Colômbia demonstrou que, ao utilizar os resíduos do próprio bambu como combustível para as caldeiras no processo de fabricação, as emissões evitadas pela não decomposição dos resíduos em campo superam as emissões geradas. O resultado é um produto com uma pegada de carbono negativa de -117 kg de CO₂-eq por painel, o que significa que o processo remove mais carbono da atmosfera do que emite (RESTREPO; BECERRA, 2016).

Esses dados quantitativos robustos sustentam o papel central da guadua na estratégia de bioeconomia da Colômbia (MINCIENCIAS, 2020). A Lei 2206 de 2022 foi criada especificamente para incentivar o uso produtivo da guadua e do bambu em setores como indústria, construção e agronegócio, em harmonia com a sustentabilidade ambiental (GÓMEZ-CASTRO et al., 2024). O potencial da guadua para gerar biomassa de forma sustentável para a produção de energia (carvão, pellets, briquetes) é outro pilar desta estratégia, oferecendo uma alternativa renovável à lenha e outros combustíveis fósseis (GUADUA BAMBOO, 2021).

Tabela 2: Análise Comparativa do Ciclo de Vida (ACV): Pegada de Carbono da Construção com Guadua vs. Concreto/Tijolo

Sistema Construtivo Pegada de Carbono (kg CO₂-eq/m²) Potencial de Aquecimento Global (GWP) Relativo Observações-Chave
Estrutura de Guadua (Bahareque Moderno) 107,17 36% da alvenaria de tijolo O balanço pode se tornar negativo se o sequestro de carbono na biomassa for contabilizado.
Estrutura de Concreto ~218 (estimado) 100% (base de comparação) A produção de cimento é responsável por uma parcela significativa das emissões globais de CO₂.
Alvenaria de Tijolo de Argila 298,44 100% (base de comparação) Processo de queima intensivo em energia.
Painel de Bambu (Colômbia) -117 kg CO₂-eq/painel Carbono Negativo Resultado obtido pelo uso de resíduos de bambu como bioenergia no processo produtivo.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em (ARCHILA et al., 2023; VILLEGAS, 2014; RESTREPO; BECERRA, 2016).


3. Conexões Documentadas e Paralelos Tecnológicos entre Colômbia e Brasil

A análise das interações entre os setores de bambu da Colômbia e do Brasil revela uma dinâmica de cooperação focada, porém limitada, e um vasto campo de sinergias tecnológicas ainda inexplorado. Enquanto a Colômbia se estabeleceu como uma referência em manejo e aplicação estrutural da Guadua angustifolia, o Brasil desenvolveu, de forma paralela, uma notável competência em tecnologias de polímeros e adesivos para a criação de produtos de bambu de engenharia. A justaposição desses dois cenários evidencia uma clara lacuna de colaboração em áreas de alto valor agregado.

3.1. Cooperações Formais e Intercâmbio de Conhecimento

A interação documentada mais significativa entre os dois países no campo do bambu foi a missão técnica da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) à Colômbia em maio de 2015 (EMBRAPA, 2015). Esta missão, que incluiu pesquisadores da Embrapa e técnicos de outras instituições brasileiras como o Sebrae, teve como objetivo principal aprender com a avançada experiência colombiana no cultivo, manejo, processamento e aplicação da guadua (EMBRAPA, 2015).

A agenda da delegação brasileira, coordenada com o apoio do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), foi estratégica e abrangente. Foram realizadas visitas a instituições de pesquisa de ponta, com destaque para a Universidad Tecnológica de Pereira (UTP), para conhecer seus métodos de propagação e as múltiplas aplicações da planta. A missão também incluiu visitas a propriedades rurais para observar práticas de manejo de cultivos e a indústrias de beneficiamento para aprender sobre técnicas de tratamento e processamento (EMBRAPA, 2015). De forma emblemática, a comitiva se encontrou com os especialistas de renome mundial Simón Vélez e Ximena Londoño, visitando a coleção de bambus de Londoño, o que sublinha o alto nível do intercâmbio de conhecimento (EMBRAPA, 2015).

É crucial contextualizar esta missão. Ela ocorreu no âmbito de um Memorando de Entendimento mais amplo entre Brasil e China para cooperação em tecnologia de bambu. Dentro deste acordo, a Colômbia e o Equador foram identificados como referências sul-americanas e destinos prioritários para missões de aprendizado, dada a semelhança das espécies do gênero Guadua com as existentes no Brasil e o avançado nível tecnológico colombiano (EMBRAPA, 2017; EMBRAPA, 2018).

Além desta missão específica, a cooperação é fomentada por organizações multilaterais como a INBAR, que promove projetos de cooperação Sul-Sul e desenvolvimento de cadeias de valor em toda a América Latina, incluindo ambos os países (INBAR, s.d.; EMBAJADA DE COLOMBIA EN CHINA, 2022). No entanto, a evidência documental aponta que a cooperação técnica tem sido focada na transferência de conhecimento da Colômbia para o Brasil, principalmente nas áreas de silvicultura, processamento primário e construção civil.

3.2. O Cenário Brasileiro: Pesquisa Avançada em Compósitos de Bambu, Polímeros e Resinas

Em contraste com o foco colombiano em engenharia estrutural com o colmo inteiro, o cenário da pesquisa brasileira em bambu demonstra uma forte inclinação para a ciência dos materiais e a criação de produtos de engenharia, especialmente compósitos e laminados. A produção acadêmica brasileira, concentrada em teses e artigos científicos de universidades de ponta, revela um esforço consistente para agregar valor à matéria-prima através de processos industriais que dependem criticamente de adesivos e polímeros.

Uma linha de pesquisa proeminente no Brasil é o desenvolvimento de Bambu Laminado Colado (BLC). Diversos estudos avaliaram sistematicamente o desempenho de adesivos comerciais, como uréia-formaldeído (UF), resorcinol-formaldeído (RF), emulsão de isocianato polimérico (EPI), melamina-uréia-formaldeído (MUF) e acetato de polivinila (PVAc), na produção de BLC. Essas pesquisas buscaram determinar a influência de cada adesivo nas propriedades físico-mecânicas do produto final, como resistência, estabilidade dimensional e delaminação, utilizando espécies como Dendrocalamus giganteus e Bambusa vulgaris (BERALDO; AZZINI, 2004; BERALDO; GARCIA, 2016; OSTAPIV; BERALDO, 2012). Este corpo de trabalho indica uma busca por otimizar processos industriais e padronizar produtos para o mercado da construção civil.

O campo dos compósitos com matriz polimérica é, talvez, a área de maior destaque e relevância para uma potencial colaboração. A pesquisa brasileira tem se aprofundado no desenvolvimento de compósitos que utilizam partículas ou fibras de bambu como reforço em matrizes poliméricas. De particular interesse é a extensa pesquisa sobre o uso de uma resina de poliuretano (PU) de base biológica, derivada do óleo de mamona. Múltiplos estudos de mestrado e doutorado, bem como artigos publicados, detalham a fabricação e caracterização de compósitos de bambu-PU, avaliando como a variação no percentual de resina afeta propriedades como umidade, absorção de água e dureza (MARINHO et al., 2013; TARGA, 2011; CANGEMI, 2006).

Significativamente, essa tecnologia de PU vegetal não está restrita aos laboratórios. A empresa brasileira Imperveg Polímeros Indústria e Comércio Ltda. é uma fornecedora comercial de uma linha de resinas de poliuretano bicomponentes à base de óleo de mamona, isentas de solventes, comercializadas para diversas aplicações, incluindo a função de adesivo e matriz aglomerante para compósitos com fibras vegetais (IMPERVEG, s.d.a; IMPERVEG, s.d.b). A existência de um produto comercial como o IMPERVEG® AGT 1315, explicitamente destinado a compósitos, demonstra que o Brasil possui não apenas a capacidade de pesquisa, mas também a capacidade de produção industrial desta tecnologia de polímeros de fonte renovável (IMPERVEG, s.d.c).

Tabela 3: Panorama da Pesquisa Brasileira em Adesivos e Resinas para Compósitos de Bambu

Tipo de Resina/Adesivo Aplicação Principal Principais Conclusões/Propriedades Instituições/Empresas de Referência
Poliuretano (PU) de Óleo de Mamona Aglomerados/Partículas, Compósitos de Fibras Boa adesão, diminui absorção de água, aumenta a dureza com o aumento da % de resina. Origem renovável. USP, UFSC, UENF, Imperveg
Ureia-Formaldeído (UF) Bambu Laminado Colado (BLC) Bom desempenho em ensaios mecânicos, mas sensível à umidade. UNICAMP, IPEF
Resorcinol-Formaldeído (RF) Bambu Laminado Colado (BLC) Confere maior estabilidade dimensional e resistência à umidade, indicado para uso externo. UNICAMP, IPEF
Emulsão de Isocianato Polimérico (EPI) Bambu Laminado Colado (BLC) Apresentou maior delaminação em testes, não sendo indicado para usos externos. UNICAMP, IPEF
Acetato de Polivinila (PVAc) Bambu Laminado Colado (BLC) Similar ao EPI, apresentou maior delaminação e menor estabilidade dimensional. UNICAMP, IPEF
Epóxi Compósitos de Fibras Utilizado como matriz para compósitos de alto desempenho em estudos comparativos. UFSC

Fonte: Elaborado pelo autor com base em (MARINHO et al., 2013; BERALDO; GARCIA, 2016; TARGA, 2011; OSTAPIV; BERALDO, 2012).

3.2. Análise das Sinergias: Identificação de Lacunas e Potenciais de Colaboração

A justaposição das competências colombianas e brasileiras revela uma complementaridade quase perfeita e uma clara "lacuna tecnológica" que, paradoxalmente, representa a maior oportunidade estratégica para ambos os países.

A análise da cooperação existente, como a missão da Embrapa, mostra um fluxo de conhecimento da Colômbia para o Brasil, focado na gestão do recurso primário. O Brasil buscou na Colômbia o know-how sobre a Guadua angustifolia, uma espécie que também possui, mas na qual os colombianos são especialistas indiscutíveis em manejo e aplicação estrutural. Este fluxo é lógico e benéfico, mas incompleto.

A lacuna reside na ausência de um fluxo de conhecimento robusto e documentado na direção oposta, especificamente na área de tecnologias de transformação de alto valor agregado. A Colômbia, com sua matéria-prima superior e um arcabouço normativo que a valida, ainda não desenvolveu uma indústria de produtos de engenharia de guadua em larga escala. A pesquisa em compósitos existe, mas de forma incipiente (VALLEJO, GANDICA & SUAREZ, 2021). Faltam as tecnologias de polímeros, resinas e adesivos em escala industrial para transformar seus colmos em painéis, vigas e compósitos padronizados e de alto desempenho.

O Brasil, por outro lado, desenvolveu e até comercializou exatamente essas tecnologias. A pesquisa consolidada em BLC com diversos adesivos e, principalmente, a tecnologia de resinas de PU de mamona da Imperveg, são a peça que falta no quebra-cabeça colombiano. Atualmente, o Brasil aplica essa tecnologia em outras espécies de bambu ou em outros tipos de fibras vegetais, enquanto a Colômbia exporta sua guadua majoritariamente como matéria-prima bruta ou semi-processada.

A sinergia não realizada é evidente: a união da melhor matéria-prima do mundo para aplicações estruturais (Guadua angustifolia colombiana) com uma das mais avançadas e sustentáveis tecnologias de aglutinantes (resinas de PU vegetal brasileiras) poderia criar uma linha de produtos de bio-compósitos sem paralelo no mercado global. Uma parceria estratégica não se trataria mais de um país ensinando o outro, mas de uma verdadeira co-criação, onde a expertise de ambos os lados se combina para gerar uma inovação que nenhum dos dois poderia alcançar isoladamente. Esta colaboração transformaria a cadeia de valor, permitindo que a Colômbia agregasse valor em sua origem e que o Brasil aplicasse sua tecnologia no melhor substrato possível, gerando benefícios econômicos, sociais e ambientais para ambos.


4. Síntese, Barreiras e Recomendações Estratégicas

A análise detalhada do ecossistema da guadua na Colômbia e de suas interações e paralelos com o Brasil permite sintetizar os principais desafios que impedem o pleno desenvolvimento de uma indústria de alto valor agregado e, a partir daí, formular um roteiro estratégico para uma colaboração bilateral eficaz. O caminho para transformar a guadua colombiana em um produto de engenharia globalmente competitivo passa por superar barreiras específicas e fomentar uma parceria tecnológica focada.

4.1. Superando as Barreiras para uma Indústria de Alto Valor Agregado

Apesar do seu imenso potencial, a cadeia de valor da guadua na Colômbia enfrenta um conjunto de barreiras inter-relacionadas que limitam sua expansão para além da construção artesanal e estrutural primária.

  • Barreiras Tecnológicas e de Industrialização: A principal barreira é a falta de uma base industrial para a produção em massa de produtos de engenharia. Como apontam estudos sobre o mercado de bambu, a ausência de tecnologia e instalações para a manufatura industrializada de materiais como painéis laminados e compósitos eleva os custos e limita a escala (YUAN et al., 2019). Questões como a garantia de durabilidade a longo prazo, resistência ao fogo e proteção contra biodeterioração em produtos processados ainda são percebidas como desafios tecnológicos que necessitam de soluções padronizadas e confiáveis (VAN DER LUGT et al., 2022; YUAN et al., 2019).

  • Barreiras Mercadológicas e Culturais: Uma barreira persistente é a percepção cultural da guadua como um "material de pobre". O arquiteto Simón Vélez destaca que essa visão é um preconceito arraigado tanto entre as populações de baixa renda, que aspiram ao concreto como símbolo de status, quanto entre as elites e profissionais, que desconfiam de materiais naturais (VÉLEZ, 2022). Essa barreira cultural dificulta a aceitação de mercado e a disposição para investir em tecnologias de guadua, apesar de sua comprovada superioridade técnica e estética em projetos de vanguarda (ROBLEDO, 1993; VÉLEZ, 2022).

  • Barreiras Regulatórias e de Normalização: Conforme analisado, embora o Regulamento NSR-10 (Capítulo G.12) seja um avanço crucial para a guadua como elemento estrutural, a falta de normas técnicas específicas para produtos de engenharia de guadua (painéis, compósitos, etc.) é um obstáculo crítico (VAN DER LUGT et al., 2022; YUAN et al., 2019). Sem padrões de qualidade, métodos de ensaio e valores de projeto definidos para esses materiais processados, engenheiros e construtores hesitam em especificá-los, e a indústria carece de um referencial para a produção em escala.

  • Barreiras Econômicas e de Financiamento: A transição de uma cadeia de valor baseada em matéria-prima para uma indústria de produtos de alto valor agregado exige investimentos significativos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e em plantas industriais. A falta de financiamento para P&D em áreas como desenvolvimento de adesivos e otimização de processos industriais foi identificada como uma barreira chave para a inovação no setor (YUAN et al., 2019).

4.2. Roteiro para a Colaboração Estratégica Brasil-Colômbia em Biocompósitos de Guadua

Para superar essas barreiras e capitalizar a sinergia identificada entre a Colômbia e o Brasil, propõe-se um roteiro estratégico de colaboração focado no desenvolvimento de uma cadeia de valor de biocompósitos de guadua. Este roteiro visa preencher a lacuna tecnológica existente e criar uma base sólida para uma indústria conjunta.

  • Fase 1: Estabelecimento de um Programa de P&D Conjunto O primeiro passo deve ser a criação de um programa de Pesquisa e Desenvolvimento bilateral, formal e financiado, possivelmente mediado por uma entidade como a INBAR. Este programa reuniria as instituições de ponta de ambos os países: do lado colombiano, a UTP (com sua expertise em materiais e processamento primário de guadua) e a Universidad de los Andes (com sua capacidade de ensaios estruturais e sísmicos); do lado brasileiro, universidades como USP, UNICAMP e UFSC (com seu vasto conhecimento em compósitos e adesivos) e a Embrapa. O objetivo central deste programa seria otimizar e padronizar a aplicação de resinas e adesivos brasileiros — com destaque para o poliuretano de base vegetal — em fibras e partículas da Guadua angustifolia colombiana. A pesquisa deveria focar na caracterização físico-mecânica dos compósitos resultantes, na otimização das formulações (percentual de resina vs. fibra) e no desenvolvimento de protótipos de produtos (painéis, vigas, perfis).

  • Fase 2: Desenvolvimento de Normas Técnicas para Produtos de Engenharia de Guadua Os dados gerados pelo programa de P&D conjunto seriam a base empírica para a superação da barreira regulatória. Com dados robustos sobre o desempenho mecânico, durabilidade e comportamento ao fogo dos novos biocompósitos, a Colômbia, através do ICONTEC e da comissão da NSR-10, poderia desenvolver novos capítulos ou normas técnicas complementares dedicadas a esses produtos de engenharia. Essas normas estabeleceriam os requisitos de qualidade, métodos de ensaio e tensões admissíveis, conferindo a mesma segurança e confiabilidade que hoje existem para o aço e o concreto, e permitindo sua especificação em projetos de qualquer escala.

  • Fase 3: Projetos-Piloto e Transferência de Tecnologia Com os materiais devidamente caracterizados e as normas em desenvolvimento, a fase seguinte seria a implementação de projetos-piloto de construção na Colômbia utilizando os novos biocompósitos de guadua-polímero. Estes projetos serviriam como prova de conceito em escala real e vitrine tecnológica. Crucialmente, esta fase envolveria a transferência de tecnologia de processamento do Brasil para a Colômbia. Isso incluiria não apenas as formulações das resinas, mas também o know-how sobre equipamentos de mistura e prensagem, controle de qualidade industrial e técnicas de aplicação, possivelmente envolvendo parcerias diretas com empresas como a Imperveg para licenciamento ou instalação de plantas de produção na Colômbia.

  • Fase 4: Desenvolvimento de Mercado e Cadeia de Valor Global A etapa final seria a criação de uma cadeia de valor integrada e uma estratégia de mercado conjunta. Poderia ser desenvolvida uma marca binacional, como "Guadua-Brasil Tech", para promover esses produtos de alto desempenho no mercado global. A estratégia de marketing se basearia nos pontos fortes de ambos os países: a sustentabilidade e o baixo carbono comprovados pela ACV, a resiliência sísmica validada pela engenharia colombiana, a herança cultural do Paisaje Cultural Cafetero e a inovação tecnológica da bio-resina brasileira. Esta abordagem integrada permitiria posicionar os biocompósitos de guadua como um material premium, superando a percepção de "material de pobre" e competindo nos segmentos de maior valor agregado da construção sustentável global.


Conclusão

Este relatório demonstrou que a Colômbia possui um ecossistema de conhecimento, regulação e cultura em torno da Guadua angustifolia Kunth que a estabelece como uma potência mundial na matéria-prima e em suas aplicações estruturais primárias. A normatização de seu uso no código sismorresistente e a validação de sua superioridade ambiental através de Análises de Ciclo de Vida são conquistas que formam uma base sólida para o futuro. No entanto, a análise revela que o caminho para a plena realização do potencial econômico da guadua reside na capacidade de ascender na cadeia de valor, transitando da produção de matéria-prima para a fabricação de produtos de engenharia avançados e de alto desempenho.

A principal conclusão desta investigação é a identificação de uma lacuna tecnológica crítica na cadeia de valor colombiana — a ausência de uma indústria desenvolvida de polímeros, resinas e adesivos específicos para a produção de biocompósitos em escala — e a constatação de que esta tecnologia existe e está em estágio avançado de desenvolvimento e comercialização no Brasil. A cooperação documentada entre os dois países, embora valiosa, tem se concentrado em um fluxo de conhecimento da Colômbia para o Brasil, deixando inexplorada a sinergia mais transformadora: a união da matéria-prima superior colombiana com a tecnologia de processamento brasileira.

Portanto, este relatório conclui que uma parceria estratégica e bidirecional com o Brasil, focada explicitamente em fechar a lacuna tecnológica em polímeros e compósitos, é o caminho mais lógico, eficiente e poderoso para o futuro da indústria da guadua na Colômbia. Tal colaboração, seguindo o roteiro estratégico proposto de P&D conjunto, desenvolvimento de normas, transferência de tecnologia e marketing integrado, não seria apenas mutuamente benéfica. Ela tem o potencial de criar uma nova fronteira para materiais de construção sustentáveis, estabelecendo um eixo de inovação Colômbia-Brasil capaz de liderar o mercado global com produtos que são, ao mesmo tempo, culturalmente ricos, tecnicamente superiores e ecologicamente regenerativos.


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